segunda-feira, 30 de julho de 2007

Terceiro Dia

Após meu segundo dia de trabalho, vi que logo deixaria de ser o filho e passaria a ser o pai. Como meu velho, meu tio e toda uma orda cansada de senhores, cheguei em casa, jantei, tomei um banho e fui para cama, para acordar no outro dia e retornar ao trabalho.

No terceiro dia, o trabalho já se tornou minha rotina, meus pensamentos, minha mísera vida... Não restou tempo para divagações, reflexões, nenhuma arte. Porém um outro segredo do trabalho e o perído de ócio que se desperdiça durante o expediente, conhecido principalmente nas repartições públicas. Aquele horário entre os 45 minutos antes do horário do almoço, o horário do café, a última hora do dia e todo o tempo que se disfarça estar comprometido na frente do computador. Foda. Trabalho é algo engraçado.

Meu primeiro emprego foi como office boy de um escritório contábil. Meio periodo, da uma e meia até as cinco da tarde. Todo começo de mês era corrido. Recolher as notas fiscais e contas dos estabelecimentos para fazer os cálculos. Isto ia até o dia 5 de cada mês. Sete ou nove para os atrasados. Ao mesmo tempo entregava os bilhetes do Darf, o imposto que vencia no dia 10. Dia 15 era epóca de recolher as mensalidades. Dai para frente, tudo era baba. As vezes passava o dia todo coçando o saco, ai a solução era buscar um pão na padaria, ou descer até mais embaixo, em outra padaria, onde meus amigos passavam a tarde jogando baralho. Isto é outro ponto interessante. Por que todo aposentado gasta o seu tempo em uma mesa de baralho? Trabalho e baralho, apesar da rima, definitivimante não caminham juntos, até criarem esta mania de pôquer in loco ou on line. Se funciona não sei. Sei que existe um cara no Rio que ganha a vida com isto.
Lá na padaria onde eu passava o tempo também existia uns caras que tentavam a vida apostando em uma mesa, mas geralmente eles haviam largado tudo pelo jogo, levado bicas na bunda de seus patrões e de suas esposas. Trabalho, baralho, caralho. Estão vendo? Está tudo as picas, catso! Acho melhor fazer como o velho Buk e jogar nos cavalos.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Segundo Dia

Choveu durante todo o meu primeiro dia de trabalho. Após o expediente, tive que pegar o onibus todo molhado e esperar que ele se desengarrafasse das ruas inundadas de São Paulo. Uma hora e vinte de viagem entre o Itaim Bibi e a estação Santa Cruz do Metrô.

Chego em casa azul de fome e preciso cozinhar algo, lavar as cuecas e meia ensopadas, pois trabalhador otário que se preze vai ao trabalho todo asseado. E eu pergunto, trabalho o dia todo e ainda tenho que cuidar dos meus afazeres domésticos? Não é fácil não.
Em meu segudo dia trabalho, passado o mamão com açucar do primeiro,quase desisto do meu projeto de escrever um livro em 35 dias até minha demissão. Chego ao escritório, a mesa está cheia de trabalho e não resta tempo algum para divagações. Bem vindo ao mundo proletariado. Agore volte ao trabalho, pois logo seu sobrenome passará a ser cavalo.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Primeiro dia

Chovia no meu primeiro dia de trabalho, no ônibus entre a vila Mariana e o Itaim bibi. Estúpida cidade sem metros. Em Paris, as estações do metrô mais parecem pontos de ônibus.

Paris, Oh Paris, cidade chata do caralho.

Do surgimento

Data: Mon, 23 Jul 2007 09:30:09 -0300 (ART)
De:autor
Assunto: livro do trabaio iscrito pelo vagabundo
Para:amigo



Meninão...
cá estou eu nas primeiras horas de trabalho
depois de acordar com inúmeras idéias e reflexões que
dispersam-se em um ambiente de serviço...

Estava pensando em escrever um e-mail por dia com considerações sobre o tabralho,
a compilação poderia se chamar "Considerações de um vagabundo sobre o trabalho", bom né...?


Acredita que minutos antes de acordar eu tive um sonho estranho...
Estava em minha casa, dormia no quarto dos fundos, na dispensa praticamente. E acordei.
A casa dormia com as portas abertas. A cadela havia cagado na cozinha e descansava no sofá. A TV estava ligada na sala e a louça acumulada na pia. Era manhã e tudo estava uma zona.
Minha mãe provavelmente estava de férias.

No meu antigo quarto, que mais se parecia um rancho de pescadores, meu pai, meu irmão e um amigo dormiam sem nenhum compromisso com o som ligado, como se tivessem atravessado uma noitada. Eu era o único que precisava fazer algo.
Então, uma voz me invocou na cozinha. Era o Zoião, um outro amigo, com uma mascara que tampava a boca igual o vilão do pica pau e um guarda chuva nas mãos.
- Não foi na aula não bicho?
Respondi que estava indo, ele viu todos os outros dormindo e respondeu:
- Não vai não. Os caras tão tudo dormindo bicho.

Logicamente concordei, e estava voltando para a cama, quando despertei.
O relógio marcava 6:55. Restavam me cinco.
Voltei a meus sonhos e após os cinco minutos o despertador me convidou.
Eu não acordaria se não fosse pelo meu primeiro dia de trabalho, que depois, constatei, será seguido por uma infinidade deles.
Foda. Mas tudo bem...


Agora estou aqui, sozinho, e ao contrário do que parecia, vai haver um monte de trabalho. Vou escrever um e-mail por dia e depois editar em forma de pocketbook para as pessoas lerem enquanto vão ao trabalho, enquanto cagam no trabalho, enquanto não trabalham no trabalho; e essa vai ser minha aposentadoria.